sábado, 28 de julho de 2012

A Asa ( escrito agora)


Naquele trilho deserto
Onde o verde ainda verdeja
Encontrei uma asa no chão
Perdida sem nome
Não uma asa de ave
Não uma asa qualquer
Uma asa nunca vista
Neste mundo de homem só
Iluminada envolta de brilho
Que cega a quem passa
Não estava suja, nem tinha pó
Toquei para a sentir
E o cheiro que emanava
Não era perfume, nem jasmim
Era algo que nos transcende
Nunca senti cheiro assim
Ela levitou e por instante
Encaixou, colou em mim
Fiquei um pouco assustada
Mas mediante algo tão belo
Não havia mal que me fizesse
Mas…para que serve uma asa apenas?
Perguntei,  pensei para mim
Só com ela não posso voar
Percorri mais uns passos
Desta vez mais certos
Mais à frente avistei
Um outro viajante
Também ele com uma asa só
Acelerei o passo
E quando estava ao seu lado
Olhei para ele
E ele olhou para mim
Deu-me a mão sem dizer palavra
E eu, palavra não lhe dei
E Mudos de mãos dadas
Começamos a andar ao mesmo compasso
Como se fossemos um só
As asas começaram a bater
Mais rápido que o vento
Voamos quase sem dar por isso
Percorremos o mundo
Depois de o vermos de perto e de longe
De chorar e de sorrir
Até se tornar cada vez mais pequenino
Voamos cada vez mais para longe
Felizes por partir

Sílvia Mota Lopes

4 comentários:

  1. Somos viajantes de uma só asa...talvez para que, na necessidade de voar, nos aproximemos e conheçamos uns aos outros, na fraternidade, no amor, no acolhimento, na compreensão...
    Obrigado pela visita, Silvia!
    Um abraço
    Bíndi e Ghost

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  2. Lindo...
    De facto o talento é muito.
    Quem me dera ter uma asa assim... :)

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